Quarto da Enxerta

— Um quarto com história —

Este quarto só passou a fazer parte da casa a partir de 1977. Inicialmente era uma casa contígua que pertencia a João Bártolo, um filho de Vilas Boas que obteve sucesso com uma alfaiataria na baixa lisboeta, onde vestia personalidades do regime e dirigentes do futebol.

João Bártolo passava o mês de setembro em Vilas Boas. Conduzia um Opel de tons cinzentos, passeava-se pelas ruas, vestido de uma forma desportiva, com tons claros, cumprimentando de forma exuberante e delicada os seus conterrâneos.

Vivia nessa casa uma velha, conhecida por Enxerta, que, a cada setembro, se tornava cada vez mais trémula. Todos os dias subia as escadas de granito (hoje inexistentes) com pequenos ramos de lenha, que armazenava para resistir ao inverno. À noite, a luz de uma cadeia projetava nas paredes interiores da casa sombras trémulas, que se mantinham até que Enxerta vinha fechar a porta de madeira envelhecida.

Quando abandonou a casa, levada por um filho, pequenos ramos de lenha que foram tirados da casa fizeram no Largo dos Sotos um monte de lenha mais alto do que uma pessoa. A Enxerta partiu e o quarto da enxerta ficou.

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